domingo, 8 de janeiro de 2012

Posted: 07 Jan 2012 11:22 AM PST

Para rezar a
oração inicial para cada dia do mês de Janeiro
dedicado a Sagrada Família


O Egito

A Sagrada Família pisa enfim o torrão egípcio.
Mas, em que estado, ó meu Deus! A sua vista excita a piedade dos transeuntes.
O pobre animal, exausto, mal sustem o celestial tesouro que transporta. A Santíssima Virgem, com o olhar tão doce, tão límpido, tão puro, está pálida, mas divinamente bela. Está coberto de poeira o véu sob que estreita a adorável criança, que lhe sorri e a acaricia.
José está alquebrado. Os pés, feridos pela jornada, sangram-lhe em vários lugares; o coração, porém, sangra-lhe ainda mais...
Que amor!
Nada nos relata a história de positivo e certo tocante à estadia da Sagrada Família no Egito; mas podemos facilmente afigurar-nos as privações de toda sorte e perseguições incessantes de que foi alvo, sem dúvida.
Recolhamos as diversas tradições, que nos permitem seguir a augusta Família durante a sua permanência no estrangeiro.
Apoiando-se no oráculo do profeta Isaías dizem os Santos Padres e os autores eclesiásticos que, à passagem de Jesus, abalaram-se os ídolos e foram derribados de suas peanhas.
A autoridade dos Santos Padres é corroborada pelo testemunho da tradição, que refere o desmoronamento dum ídolo do monte Cariyo, à passagem de Jesus.
Deteve-se a Sagrada Família em Mataria (atualmente Matariéh) arrabalde de Heliopolis, a légua e meia do grande Cairo, a aí procurou um abrigo provisório.
Ainda hoje vê-se por lá um sicomoro, que teria abrigado, mais de uma vez, o Menino Deus; e uma fonte d’água límpida e agradável ao paladar, única em toda a circunvizinhança, observa o P. Geramb, cuja água não é salobra.
Escolheram Maria e José esse lugar, por encontrarem ali muitos compatriotas, emigrados como eles. Infelizmente, na maioria, tinham vindo das proximidades de Jerusalém, o que tornava difíceis as relações, pois os israelitas da grande cidade desprezavam os pobres habitantes da Galiléa.
Conforme a observação de um historiador, o morticínio de Belém estendera-se mesmo a muitos dos parentes e dos afins dos santos Inocentes, e número considerável de judeus havia fugido para o Egito.
É por eles que os nossos Santos exilados vieram a ser avisados sobre a horrível carnificina ordenada por Herodes.
Podemos imaginar a dolorosa impressão que esta notícia produziu em Maria e José. Tantas vítimas inocentes, degoladas em lugar de seu Filho, imoladas sem piedade por causa d’Ele “quais rosas de primavera que não tiveram tempo de desabrochar”.
Pobres criancinhas! Murmurou Maria.
Felizes mártires! Respondeu Jesus pelo seu sorriso.
Não se julgando em plena segurança em Heliopolis, e faltando meios de subsistência, José resolver deixar esta cidade e ir para Cairo, onde um artífice lhe oferecia trabalho.
É aí que Jesus ia viver os primeiros anos.
Uma tradição, escrupulosamente conservada, noticia algo da casa em que moravam Jesus, Maria e José. É uma gruta, que hoje faz parte da cripta de uma Igreja entregue aos coptas.
Tem ela cerca de vinte pés de comprimento e doze de largura; e é ligada a outra gruta menor, que, conforme se presume, servia de depósito.
São José, graças ao auxílio de algumas almas movidas por compaixão à vista de sua Esposa e de seu Filho encantador, pôde adquirir os instrumentos necessários para entregar-se aos trabalhos de sua arte, e sustentar, assim, sua querida família.
Maria preparava quotidianamente a frugal refeição da modestíssima moradia. É de crer-se, até, que tenha ela servido a estranhos, como simples criada, pelo menos no começo, a fim de suprir a insuficiência do salário de José.
E quem sabe se, por escassez de rendimentos, não deixaram de satisfazer, alguma vez, até as mais imperiosas necessidades.
Ah! É bem provável que, durante o inverno, em cessando o trabalho por toda parte, haja a miséria visitado, as vezes, a Sagrada Família.
Oh! Condição deplorável!
O nosso espírito sobressalta a estes tristes pensamentos. Parece esmagar-se o coração à só idéia de que, apesar da diligência dos santos Esposos, nem sempre a Santíssima Virgem estava em condições de dar a seu Filho o pedaço de pão que Ele pedia; e, se o menino guardava silêncio, as feições languidas e os olhos obumbrados pela fome pareciam reclamar mais imperiosamente ainda.
Eles eram pobres!
Eles o queriam ser...
Não era preciso ensinar ao mundo o desprezo das riquezas e a vaidade das honras?
Felizes aqueles que o sabem compreender!
Não receemos exagerar, pois o amor não conhece medida; e aqui tudo é amor, e tudo se faz por amor.
Representai-vos a amável Virgem, sentada junto a Jesus, e fixando a Ele olhares impregnados da mais viva compaixão. Observa com ansiedade a expressão de sofrimento que se manifesta com energia sempre crescente no pálido rosto de Jesus, e oh, dor! Ela está na impossibilidade de amortecer a mordedura cruel do mal que o atormenta.
Desde vários dias, talvez, impondo silêncio aos brados da natureza, ela se interdisse toda espécie de alimento. José imitou este nobre sacrifício, mas a sua dedicação não fez mais do que adiar a miséria por algum tempo.
Agora, estão esgotados todos os recursos.
Uma idéia heróica passa pelo espírito de Maria. Ela toma nos braços o Filho, e sai...
Com mão tímida e olhos úmidos vai bater à porta dos ricos.
– Pelo amor de Deus, não recuseis a esmola a uma pobre mãe, que não pode mais sustentar o seu filho...
A sua voz era tão doce, o seu olhar tão puro, o seu gesto tão tímido, que alguns não recusaram o pedaço de pão que implorava.
– Deus vos pague, murmura Maria.
Outros, ouvindo o sotaque desta jovem estrangeira, repeliram-na com insultos, e a trataram de vil mendiga.
Vil mendiga! Ela, a Virgem pura, doce, tão amante e tão querida por Deus!
Ó Maria, toda boa, é possível?
E a Virgem voltava para casa, apresentando ao Filho e ao esposo o pão da mendicidade.
Mas, oh! Esta provisão estava em breve esgotada!
Quantas vezes as ruas do Cairo viram a Virgem, aflita, mas resignada, ir assim de porta em porta, recolhendo a esmola ou a injúria.
Algumas vezes até, quando a miséria chegava ao auge, a Mãe desolada, com o Menino nos braços, detia no caminho os felizes da terra, e lhes murmurava com vos suplicante:
– Piedade! Será preciso, então, que Ele morra!
Por favor, socorrei-o, Ele é inocente!
E a sua voz desaparecia, embargada pelas lágrimas.
Oh, amor da pobreza!
Mas, que vejo, ó meu Deus?... O divino Infante, para acabar de vencer a avareza do rico, eleva o meigo olhar para este rosto impassível e, em estendendo-lhe a mão pequenina, ao mesmo tempo que o coração.
– Oh! Não recuseis a minha Mãe!
Houve por ventura ricos, que puderam resistir a este espetáculo?
O coração humano é por vezes tão duro!
Nós, cristãos, nós pelo menos, por amor à Sagrada Família, não repilamos jamais o pobre e o indigente, mas vejamos neles a Sagrada Família, e nos seus filhos, o Menino Deus.
Assim correram os anos...
Como viveu no Egito a Sagrada Família? – pergunta São Boaventura.
Será que mendigaram? Diz-se que Maria, com o seu trabalho, ganhava co que sustentar o Filho.
A Rainha do céu, esta amante da pobreza, fiava suava, e, que, sabe, ia de porta em porta pedir trabalho e pão.
Os anjos são as únicas testemunhas que, sob a ordem de Deus, poderiam referir-nos as cenas que se desenrolaram no sagrado lar, durante estes anos de exílio.
Indigentes deste mundo, deserdados da sorte, e vós, sobretudo, ó pobres voluntários de Jesus Cristo, que modelo admirável encontrais aqui!
A vida pode ter amarguras, sim.
Mas, olhai a Sagrada Família!
Não tendes tudo à vontade. Não tendes, talvez, o necessário.
Olhai a Sagrada Família!
Bateis em vão à porta dos ricos e dos felizes da terra. Vossa voz fica sem eco.
Olhai a Sagrada Família!
Olhai-a! E como ela, trabalhai, orai e esperai sempre.
Deus jamais abandonou aquele que nele confia.
A pobreza de Jesus era completamente voluntária. O Homem-Deus teria podido, com uma só palavra, afastar a fome, a sede, o calor, o frio, as intempéries, e todos os incômodos que de nós se acercam neste vale de dores; mas Ele quis submeter-se em tudo às enfermidades da natureza, para santificar o sofrimento, e ao mesmo tempo para dar-nos um exemplo estimulante de paciência e de abnegação...
Que lições preciosas encerram estes mistérios!
A venerável Joana de Jesus Maria, religiosa franciscana, meditando a fuga de Nosso Senhor para o Egito, ouviu subitamente grande ruído como de homens armados, que corriam e perseguiam alguém. Viu, pouco depois, uma bela criança, ofegante, que se arremessava para ela com grande aflição, e exclamava: “Ó Joana, socorre-me e oculta-me! Eu sou Jesus de Nazaré. Procuro escapar aos bárbaros que me querem matar. Eu te suplico, salva-me!”.
Importa, de feito, observar que os mistérios de Nosso Senhor são sempre atuais. É preciso considerá-los como se sob os nossos olhos se realizassem atualmente, como se nós mesmos tomássemos parte neles.
Jesus é ainda perseguido. A Sagrada Família está ainda exilada.
Quem lhes oferecerá hospitalidade?
Quem lhes enxugará as lágrimas?
Quem lhes dará o pão, de que tem necessidade?
Quem os abrigará contra as intempéries?
Não o quereis?
Ouvi Jesus: O que fizestes ao menor dos meus, a mim o fizestes.
Ide ao encontro daquela pobre criança: É Jesus quem vos pede a esmola por ela!
Ide àquele pobre operário: É São José quem por ele, vos pede pão e trabalho!
Socorrei aquela pobre mão: É Maria que vos pede roupa e agasalho!
Batei a porta deste pobre lar. Trazei-lhe um sorriso, uma boa palavra, uma esmola! Arranjai-lhe algum trabalho, um pouco de alegria, um pedaço de pão, como se fora à Sagrada Família.


Resolução

Vejamos Jesus Cristo na pessoa do pobre, e socorramo-lo como permitirem nossos recursos; ao menos nunca lhe recusemos a esmola espiritual de uma boa palavra e de um sorriso, se nos faltam socorros materiais.


Exemplo – Uma aparição da Sagrada Família

Uma das provações usadas para os noviços da Companhia de Jesus, era enviá-los, como ensaio da vida apostólica, em peregrinação, que empreendiam sem dinheiro e sem provisões, na contingência de padecerem fadiga, fome, sede e toda espécie de privações.
Três noviços que assim andavam em peregrinação, acharam-se, uma tarde, em vasta planície, deserta, e apartada de toda habitação.
Exaustos, desfalecidos pela falta de viveres e sem uma gota de água para mitigar a sede, estavam, no entanto, piedosamente resignados e se encorajavam mutuamente.
O socorro celeste não se fez esperar.
Eis que surge no campo um ancião e uma jovem trazendo nos braços uma criança. Estes desconhecidos, aproximando-se dos religiosos saúdam-nos, afetuosamente; em seguida, colocam diante deles uma mesa provida de excelentes iguarias.
Os noviços, estupefatos, admirados entre-olharam-se. Julgam-se indignos de um favor, que parece miraculoso. Desejam saber o nome da nobre família que lhes veio em auxílio. Transparecem-lhe no semblante a pergunta que temem formular.
O chefe da Sagrada Família – pois era ela mesma – penetrando-lhes os corações diz: Nós somos Jesus, Maria e José.
Os piedosos noviços, tomados de espanto, caíram de fronte em terra. Quando se levantaram, a mesa bem servida foi só o que viram. A augusta trindade da terra havia desaparecido, deixando em santo júbilo os três peregrinos.


Para rezar a
oração final para cada dia do mês de Janeiro
dedicado a Sagrada Família



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Fonte:

Padre Júlio Maria. Os ensinamentos de Nazareth ou mês prático da Sagrada Família. Minas: 1941. (Esta obra foi disponibilizada para download pelo blog “Alexandria Católica”)

FORTALECIMENTO DO MINISTÉRIO JOVEM DA DIOCESE DE GUARAPUAVA

COMEÇA HOJE DEFINITIVAMENTE  O REAPARECIMENTO DE UM MINISTÉRIO JOVEM COM PODER E UNÇÃO. DANIELA   SANTOS  Coordenadora  do ministério Jov...